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Camões lírico
Descalça vai para a fonte
Lianor pela verdura;
Vai fermosa, e não segura.
Leva na cabeça o pote,
O testo nas mãos de prata,
Cinta de fina escarlata,
Sainho de chamelote;
Traz a vasquinha de cote,
Mais branca que a neve pura.
Vai fermosa e não segura.
Descobre a touca a garganta,
Cabelos de ouro entrançado
Fita de cor de encarnado,
Tão linda que o mundo espanta.
Chove nela graça tanta,
Que dá graça à fermosura.
Vai fermosa e não segura.
Luís de Camões
Sugestões
de
1. Análise ideológica
Tema
A exaltação da beleza de uma jovem, chamada Leanor
Desenvolvimento do poema
A descrição da beleza e graciosidade de Leanor (talvez a mulher amada) aparentemente mais física do que espiritual. O que se conclui, logo no início, pela expressão “vai fermosa e não segura”, (último verso do Mote, que funciona como refrão).
Esta dualidade: beleza física / beleza espiritual é um enigma, ou seja, não está explicita a razão da sua insegurança. Podemos, então, inferir que o sujeito poético receia que, devido à sua grande beleza, Leanor possa, a qualquer momento, ser atraída pelo amor.
Artifícios poéticos de que se serviu o autor para descrever a sua deusa
Utilização de cores
O vermelho do vestuário, a sugerir alegria, juventude
O branco da pele e os cabelos loiros que sugerem ingenuidade, perfeição e pureza de Leanor mas, ao mesmo tempo, sensualidade, sedução, paixão.
A apresentação da jovem
O próprio facto de Leanor se deslocar descalça é chamativo, visto que ninguém fica indiferente a tanta originalidade pois, à sua passagem, “o mundo (se) espanta”
A natureza
O enquadramento bucólico em que Leanor se move é digno de uma deusa
Uma paisagem idílica, tendo como pano de fundo um campo atapetado de “verdura”
Recursos estilísticos
Hipérbole
“mais branca que a neve pura”
“tão linda que o mundo espanta”
“chove nela graça tanta/ que dá graça à fermosura”
Metáfora
“O testo nas mãos de prata”
“cabelos de ouro”(em que ressaltam duas caraterísticas do retrato clássico da mulher: cabelos loiros e a brancura das mãos)
Personificação
“tão linda que o mundo espanta”
Adjetivação expressiva
“fermosa, pura, linda”
Diminutivo
A traduzir o encantamento do sujeito face à graciosidade de Leanor
“sainho” (saia)
“vasquinha de cote“(casaco)
2. Sugestões de análise formal
Toda esta descrição de Leanor nos é transmitida através de um Vilancete, visto tratar-se de um poema formado por um Mote de três versos, seguidos de duas glosas (sete versos cada). O verso é de 7 sílabas (redondilha maior) e a rima é emparelhada e interpolada.
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