D'Anto É o grupo de fados da Universidade de Coimbra que acaba de ganhar o concurso: The Voice Portugal (24/08/2025) Foto retirada da internet ______//___________//______ Se gostas de literatura portuguesa, talvez te interesse comprar os ebooks marfer/cilamatos
cilamatos é o pseudónimo de Licínia Matos
Licenciada em Línguas e Literaturas Modernas (Português e Francês) pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, Portugal
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Os Lusíadas
6
E vós, ó bem nascida segurança
Da Lusitana antiga liberdade,
E não menos certíssima esperança
De aumento da pequena Cristandade;
Vós, ó novo temor da Maura lança,
Maravilha fatal da nossa idade,
Dada ao mundo por Deus, que todo o mande,
E não menos certíssima esperança
De aumento da pequena Cristandade;
Vós, ó novo temor da Maura lança,
Maravilha fatal da nossa idade,
Dada ao mundo por Deus, que todo o mande,
Para do mundo a Deus dar parte grande;
Explicação
O poeta dedica o poema a D. Sebastião e considera que ele é o novo terror dos mouros, enviado por Deus para assegurar a independência de Portugal e continuar a obra da dilatação, da fé e do império.
O poeta dedica o poema a D. Sebastião e considera que ele é o novo terror dos mouros, enviado por Deus para assegurar a independência de Portugal e continuar a obra da dilatação, da fé e do império.
7
Vós, tenro e novo ramo florescente
De uma árvore de Cristo mais amada
De uma árvore de Cristo mais amada
Que nenhuma nascida no Ocidente,
Cesárea ou Cristianíssima chamada;
(Vede-o no vosso escudo, que presente
Vos amostra a vitória já passada,
Na qual vos deu por armas, e deixou
Na qual vos deu por armas, e deixou
As que Ele para si na Cruz tomou)
Explicação
Vós, (D. Sebastião), príncipe da família real, mais importante do que as mais importantes da Alemanha ou da França, bem podeis ver o que sois, no escudo que vos fala da vitória de Ourique e onde Cristo vos deixou as cinco chagas.
Vós, (D. Sebastião), príncipe da família real, mais importante do que as mais importantes da Alemanha ou da França, bem podeis ver o que sois, no escudo que vos fala da vitória de Ourique e onde Cristo vos deixou as cinco chagas.
8
Vós, poderoso Rei, cujo alto Império
Vós, poderoso Rei, cujo alto Império
O Sol, logo em nascendo, vê primeiro;
Vê-o também no meio do Hemisfério,
E quando desce o deixa derradeiro;
Vós, que esperamos jugo e vitupério
Do torpe Ismaelita cavaleiro,
Do Turco oriental, e do Gentio,
Que inda bebe o licor do santo rio;
Do Turco oriental, e do Gentio,
Que inda bebe o licor do santo rio;
Explicação
Vós, poderoso Rei, cujo vasto império chega do Oriente ao Ocidente, vós que todos esperam ver dominar e derrotar os Mouros, os Turcos e os pagãos da India;
Vós, poderoso Rei, cujo vasto império chega do Oriente ao Ocidente, vós que todos esperam ver dominar e derrotar os Mouros, os Turcos e os pagãos da India;
9
Inclinai por um pouco a majestade,
Que nesse tenro gesto vos contemplo,
Inclinai por um pouco a majestade,
Que nesse tenro gesto vos contemplo,
Que já se mostra qual na inteira idade,
Quando subindo ireis ao eterno templo;
Os olhos da real benignidade
Ponde no chão: vereis um novo exemplo
Ponde no chão: vereis um novo exemplo
De amor dos pátrios feitos valerosos,
Em versos divulgado numerosos.
Explicação
Prestai atenção, vós que ainda tão novo, já mostrais o que sereis quando adulto, vede o meu patriotismo, pois canto no meu poema (os Lusíadas) os grandes feitos dos portugueses.
Prestai atenção, vós que ainda tão novo, já mostrais o que sereis quando adulto, vede o meu patriotismo, pois canto no meu poema (os Lusíadas) os grandes feitos dos portugueses.
10
Vereis amor da pátria, não movido
De prémio vil, mas alto e quase eterno:
Vereis amor da pátria, não movido
De prémio vil, mas alto e quase eterno:
Que não é prémio vil ser conhecido
Por um pregão do ninho meu paterno.
Por um pregão do ninho meu paterno.
Ouvi: vereis o nome engrandecido
Daqueles de quem sois senhor superno,
E julgareis qual é mais excelente,
Se ser do mundo Rei, se de tal gente
Se ser do mundo Rei, se de tal gente
Explicação
Vereis um patriotismo, inspirado não por vil interesse, mas puro e quase eterno; porque é honroso ser reconhecido por elogiara a minha Pátria. Ouvi e vereis que é mais importante ser Rei dos portugueses (devido aos feitos importantes que eles praticaram) do que ser Rei do mundo inteiro.
Vereis um patriotismo, inspirado não por vil interesse, mas puro e quase eterno; porque é honroso ser reconhecido por elogiara a minha Pátria. Ouvi e vereis que é mais importante ser Rei dos portugueses (devido aos feitos importantes que eles praticaram) do que ser Rei do mundo inteiro.
11
Ouvi, que não vereis com vãs façanhas,
Ouvi, que não vereis com vãs façanhas,
Fantásticas, fingidas, mentirosas,
Louvar os vossos, como nas estranhas
Louvar os vossos, como nas estranhas
Musas, de engrandecer-se desejosas:
As verdadeiras vossas são tamanhas,
Que excedem as sonhadas, fabulosas;
Que excedem Rodamonte, e o vão Rugeiro,
As verdadeiras vossas são tamanhas,
Que excedem as sonhadas, fabulosas;
Que excedem Rodamonte, e o vão Rugeiro,
E Orlando, inda que fora verdadeiro,
Explicação
Ouvi: não conto fábulas nem mentiras acerca dos vossos (portugueses) como fazem os poetas estrangeiros (nas antigas epopeias) para se imortalizarem. Os feitos dos portugueses são tão grandes que são muito superiores às mentirosas bravuras de Rodamonte, Rugeiro e Orlando, ainda que fossem reais.
Ouvi: não conto fábulas nem mentiras acerca dos vossos (portugueses) como fazem os poetas estrangeiros (nas antigas epopeias) para se imortalizarem. Os feitos dos portugueses são tão grandes que são muito superiores às mentirosas bravuras de Rodamonte, Rugeiro e Orlando, ainda que fossem reais.
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