Cesário Verde-Teste com perguntas e respostas

 

Teste nº 1

Pergunta

Depois de leres, com atenção, o texto que se segue recorda as informações dos posts nº 1, 2, 3 ,4 sobre Cesário Verde (neste blog) e comenta a citação     

Citação

                                        

Fernando Pessoa, pela boca do seu heterónimo, Alberto Caeiro, disse que Cesário Verde era “... um camponês que andava preso em liberdade pela cidade”.

      Sugestões de reposta para o Comentário

Só um génio como Fernando Pessoa conseguiria sintetizar, numa pequena frase, todo o conceito de vida de Cesário Verde.

 Cesário Verde viveu grande parte da sua vida em contacto com as belezas do campo (em Linda-a-Pastora) que muito apreciou, assim como conviveu e amou as suas gentes simples. 

Como consequência desse encantamento, ao ir viver para a cidade, (Lisboa) sofreu um grande choque psicológico, pois ele era “um camponês” que amava a simplicidade e a pureza das pessoas e das coisas. Embora sendo um cidadão livre, ao chegar a Lisboa foi muito difícil a adaptação aos usos e costumes daquela sociedade tão diferente da outra, onde tinha vivido até então, pois era o seu oposto.

A frase de Fernando Pessoa (pela voz do seu heterónimo, Alberto Caeiro) revela, precisamente, a oposição: liberdade/prisão, ou seja, Cesário Verde embora sendo um cidadão livre, em Lisboa, não se sentia feliz, tinha saudades da família, dos amigos, da vida simples, tranquila junto de pessoas afáveis, solidárias em contraste com a sociedade que encontrou na grande cidade, onde de uma maneira geral as pessoas não se falam, não convivem, não se cumprimentam no dia a dia, não se respeitam, não são solidárias, portanto era como se ele se encontrasse prisioneiro no meio da multidão. 

Este sentimento de prisão em Lisboa está expresso em algumas das suas poesias em que a 

 cidade é conotada com aspetos negativos em contaste com o campo que surge como local de refúgio, bem estar, alegria, saúde. 

Exemplo: o poema "Nós".

Na sua poesia em que descreve os seus passeios  pela cidade Cesário Verde revela as suas preocupações com o mundo que o rodeia, nomeadamente, ao descrever ambientes citadinos como, por exemplo, um bairro chique com "casas apalaçadas, "jardins", "larga rua" , mas onde vai integrar elementos relacionados com o campo: a vendedora de legumes com os seus cabelos "esguedelhados" e "feia" de aspeto, a personificação dos frutos, em cujas "faces duns alperces" vem bater com desprezo um "cobre lívido".

Cesário Verde coloca-se nestes cenários e não se limita a dar a conhecer o que o circunda, não é um simples parnasiano- não é imparcial, nem impessoal, nem impassível. Pelo contrário inclui-se no que pinta, sofre com o que observa (injustiças sociais, por exemplo) e revela os seus sentimentos e sensações que, por vezes, lhe “despertam um desejo enorme de sofrer”.

São célebres poemas como “O sentimento dum Ocidental” onde, ao anoitecer, as ruas são soturnas e melancólicas, com sombras, o céu “baixo e de neblina” e onde as varinas vão “correndo com firmeza”. A observação destas realidades provoca-lhe melancolia, desejo de sofrer, de partir. Também em “Contrariedades” o poeta revela o seu estado emocional derivado da observação de uma sociedade desumana que abandona os doentes de que a tuberculosa engomadeira é exemplo e os poetas aos quais (como é o seu caso) os jornais recusam a publicação dos seus versos.

Portanto não há dúvida de que Alberto Caeiro captou profundamente a personalidade de Cesário Verde:o camponês que se sentia prisioneiro na grande cidade de Lisboa, pelas suas vivência de criança e adolescente e as suas convicções de adulto.