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The Voice Portugal-Coimbra tem mais um troféu

D'Anto É o grupo de fados da Universidade de Coimbra que acaba de ganhar o concurso: The Voice Portugal (24/08/2025) Foto retirada da internet ______//___________//______ Se gostas de literatura portuguesa, talvez te interesse comprar  os ebooks marfer/cilamatos

Oa Maias- excerto "No Ramalhete" teste com perguntas e sugestões de respostas

 




Teste nº 1
Excerto, questionário e sugestões de respostas


Excerto
NO RAMALHETE

“Os anos de Afonso da Maia foram justamente no dia seguinte, domingo. Quase todos os amigos da casa tinham jantado no Ramalhete; e tomara-se café no escritório de Afonso, onde as janelas se conservavam abertas. A noite estava tépida, estrelada e sereníssima, Craft, Sequeira e o Taveira passeavam fumando no terraço. Ao canto de um sofá Cruges escutava religiosamente Steinbroken, que lhe contava com gravidade, os progressos da música na Finlândia. E em redor de Afonso, estendido na sua velha poltrona, de cachimbo na mão, falava-se do campo.

Ao jantar, Afonso anunciava a intenção de ir visitar, em meados do mês, as velhas árvores de Santa Olávia; e combinara-se logo uma grande romaria de amizade às margens do Douro. Craft e Sequeira acompanhavam Afonso. O Marquês prometera uma visita para Agosto “na companhia melodiosa”, dizia ele, do amigo Steinbroken. D. Diogo hesitava, com receio da longa jornada, da humidade da aldeia. E agora tratava-se de persuadir Ega a ir também, com Carlos – quando Carlos acabasse enfim de reunir esses materiais do livro, que o retinham em Lisboa “à bancado labor…”. Mas Ega resistia. O campo, dizia ele, era bom para os selvagens. O homem à maneira que se civiliza, afasta-se da natureza; e a realização do progresso, o Paraíso na Terra, que pressagiam os Idealistas, concebia-o ele como uma vasta cidade ocupando totalmente o globo, toda de casas, toda de pedra, e tendo apenas aqui e além um bosquezinho sagrado de roseiras, onde se fossem colher os ramalhetes para perfumar o altar da Justiça…

-E o milho? A bela fruta? A hortaliçazinha? – perguntava Vilaça, rindo com malícia.

Imaginava então o Vilaça, replicava o outro, que daqui a séculos ainda se comeriam hortaliças? O hábito dos vegetais era um resto de rude animalidade do homem. Com os tempos, o ser civilizado e completo vinha a alimentar-se unicamente de produtos artificiais em frasquinhos e em pílulas, feitos nos laboratórios do Estado…”


Pergunta nº 1

Faz um comentário global ao conteúdo do texto


Sugestões de resposta

Era verão, domingo à noite, a temperatura estava agradável visto que "A noite estava tépida, estrelada e sereníssima"(...)  e as janelas do escritório de Afonso se "conservavam abertas".

Com o objetivo de festejar o seu  aniversário, Afonso da Maia, reuniu na sua residência, o "Ramalhete", um grupo de amigos para jantar e conviver. 

Afons o da Maia era uma figura importante da alta burguesia lisboeta, tal como os seus amigos. O convívio decorreu em ambiente familiar, indiciando que já era hábito aquele grupo de pessoas reunir-se, degustar a gastronomia portuguesa e trocar ideias sobre os mais diversos assuntos, ou simplesmente descontrair, como era o caso de "Craft, Sequeira e Taveira que (apenas)  passeavam fumando no terraço". Por seu lado Steinbroken mostrava o seu interesse pela música informando Cruges sobre os progressos da música na Finlândia. Afonso da Maia,  fumava o seu cachimbo, sentado na sua poltrona,  dialogando com alguns sobre o campo, aos quais comunicou a sua intenção de ir visitar, em meados do mês, as velhas árvores de Santa Olávia. Ficou logo combinado um passeio de amigos às margens do Douro. 

Craft e Sequeira acompanhavam Afonso. O Marquês prometera uma visita para Agosto “na companhia melodiosa”, dizia ele, do amigo Steinbroken. D. Diogo ficou na dúvida por causa da distância e também receava a humidade da aldeia. Depois foi o momento de convencer Ega a ir também, com Carlos – quando Carlos acabasse enfim de reunir esses materiais do livro, que o retinham em Lisboa “à bancado labor…”. Ega resistia. O campo, dizia ele, era bom para os selvagens. O homem à maneira que se civiliza, afasta-se da natureza; e a realização do progresso, o Paraíso na Terra, que pressagiam os Idealistas, concebia-o ele como uma vasta cidade ocupando totalmente o globo, toda de casas, toda de pedra, e tendo apenas aqui e além um bosquezinho sagrado de roseiras, onde se fossem colher os ramalhetes para perfumar o altar da Justiça…

-E o milho? A bela fruta? A hortaliçazinha? – perguntava Vilaça, rindo com malícia.

Imaginava então o Vilaça, replicava o outro, que daqui a séculos ainda se comeriam hortaliças? O hábito dos vegetais era um resto de rude animalidade do homem. Com os tempos, o ser civilizado e completo vinha a alimentar-se unicamente de produtos artificiais em frasquinhos e em pílulas, feitos nos laboratórios do Estado…”

 Alguns deixavam a visita para mais tarde e outros receavam o clima e a distância. No grupo havia algumas diferenças a nível etário, era o caso de Ega e Carlos. Dois jovens cultos e com ideais progressistas. Carlos não estava presente devido a assuntos relacionados com um livro que se propunha escrever e  Ega não estava minimamente interessado porque detestava o campo.  Segundo ele, “era bom para os selvagens”. Ega     tinha os seus ideais voltados para o futuro, acreditando numa mudança radical nos usos e costumes da humanidade de tal forma que seria criado um ser civilizado e completo que viria a alimentar-se “unicamente de produtos artificiais (...) feitos nos laboratórios do estado”. Ele tentava mudar as mentalidades retrógradas que atrasavam o desenvolvimento de Portugal. Para ele o progresso era “o Paraíso da Terra”.  Nota-se um grande choque de mentalidades representadas aqui pela personagem Vilaça que era acérrimo defensor do velho Portugal, das suas tradições, usos, costumes  e, por isso, defendia a importância do campo, “E o milho? E bela fruta? A hortalizaçinha?

Pergunta nº 2

Indica os modos de representação e expressão/recursos estilísticos


No texto encontram-se momentos de pausa: na apresentação do local onde se irá desenrolar a ação; no motivo do encontro; na localização no tempo e na apresentação das personagens: nos “anos de Afonso da Maia (…) domingo. Quase todos os amigos da casa tinham jantado no Ramalhete”. 

Os momentos de pausa alternam com o avanço da ação onde nos são narrados os acontecimentos e onde predominam verbos sugestivos de ações: “Craft, Sequeira e Taveira passeavam (…) Cruges escutava (…) Steinbroken (…) contava (…) falava-se…”. 

De salientar, também, a alternância entre o discurso direto e indireto livre a imprimirem maior verosimilhança e fazendo-nos saber o pensar das personagens: “- E o milho? A bela fruta?”; “O Marquês prometera uma visita para Agosto; “na companhia melodiosa”, dizia ele… Mas Ega resistia”. O campo, dizia ele, era bom para os selvagens”. 

O uso do adjetivo expressivo faz com que a natureza compartilhe daqueles momentos de ameno convívio pois a noite, “estava tépida, estrelada e suavíssima” (triplo adjetivo). Já em “longa jornada” o adjetivo evidencia que a personagem não gosta de viajar. Vilaça usa o diminutivo “hortaliçazinha” para pôr em relevo a importância do campo.

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