1ª faseDecadência
Logo no início do romance é-nos apresentada a casa da família Maia- o Ramalhete. É uma casa abandonada, degradada, desabitada, de “fachada tristonha, jesuítica”. Esta degradação é símbolo do sofrimento de Afonso pelo suicídio do filho Pedro
O nome Ramalhete, aliado ao emblema (um ramo de girassóis em azulejos que ornamenta a casa), simbolizam a ligação da família à agricultura
O aspeto austero da fachada simboliza a influência que o clero e a mentalidade clerical tinham naquela família e no país
A estátua de Vénus Citereia, símbolo de amor e sedução, representa as mulheres fatais desta obra. Nesta primeira fase, ela está degradada, esquecida: "jazia a um canto, enegrecida", sugerindo a fuga de Maria Monforte quando abandona Pedro, também ela uma “deusa” e também ela esquecida após muitas tentativas em vão para a encontrar
A cascata era “uma cascatazinha seca". O facto de estar seca simboliza que o tempo da ação d’ O Maias ainda não começou
O cipreste e o cedro sendo árvores muito duradouras, testemunham as várias gerações da família Maia. Apresentam-se com aspeto envelhecido simbolizando a morte, uma vez que estas são as árvores que, geralmente, se associam aos cemitérios.
2ª fase
Opulência
É a Renascença: o Ramalhete é restaurado, decorado luxuosamente por um inglês, para receber o neto de Afonso, Carlos da Maia, recém-formado em medicina, e símbolo da esperança e da vida, do apogeu do ramalhete e do ideal reformista da Geração de 70, de que Carlos e Ega são o símbolo. Afonso acredita que Carlos vai conduzir a família para um futuro esplendoroso
A estátua de Vénus Citereia é restaurada. Está resplandecente, coincidindo com a chegada de Maria Eduarda a Lisboa e simboliza a beleza clássica desta e de Maria Monforte
A Cascatazinha está "... uma delícia"- a água corre: símbolo de vida, de alegria
O Cipreste e cedro "... envelhecendo juntos como dois amigos tristes". Esta comparação contrasta com a sumptuosidade da estátua e com a vitalidade da cascatazinha. Símbolo de que algo de trágico poderá suceder
3ª fase
Decadência
No último capítulo do romance, decorridos dez anos depois de Maria Eduarda e Carlos da Maia cometerem o incesto, Carlos volta a Lisboa. O Ramalhete está, de novo, abandonado. O jardim é descrito, mais uma vez, com um aspeto degradado, simbolizando o fim da família Maia
Vénus Citereia está, agora, coberta por "... uma ferrugem verde, de humidade”, que lhe cobre “os grossos membros”, simbolizando o desaparecimento de Maria Eduarda e a tragédia final: morte de Afonso e afastamento dos dois irmãos.
Esta estátua marca o início e o fim da família Maia e, simbolicamente, também a situação política de Portugal em vésperas do ultimatum
A Cascatazinha já perdeu, de novo, a vitalidade e simbolicamente chora “...mais lento corria o prantozinho da cascata”. Este “choro” simboliza a dor pela morte de Afonso da Maia e a aproximação ao final da história d’Os Maias
O Cipreste e Cedro "... envelheciam juntos, como dois amigos num ermo". A comparação “como num ermo”, simboliza uma profunda tristeza, inexistência de vida
Nesta fase, todos os elementos estão deteriorados simbolizando a tragédia final: a monstruosidade do incesto entre Carlos e Maria Eduarda, que provocou a morte de Afonso e a separação dos dois irmãos
A história da família Maias chegou ao fim
Nota
Como já foi dito noutro post, este romance tem um título ("Os Maias") e um subtítulo (Episódios da vida romântica"). Foi também explicado que o título evoca uma ação fechada, ou seja, como acabámos de ver neste post sabemos o fim das personagens da família Maia
Afonso morre
Pedro morre
Carlos é um vencido da vida
Maria Eduarda desaparece
👍👍👍👍👍👍👍
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Coleção
Aprender é fácil
por Cila Matos (Author)
cilamatos é o pseudónimo de Mª Licínia Matos, licenciada em Línguas e Literaturas modernas (Português e Francês), pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, Portugal
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