D'Anto É o grupo de fados da Universidade de Coimbra que acaba de ganhar o concurso: The Voice Portugal (24/08/2025) Foto retirada da internet ______//___________//______ Se gostas de literatura portuguesa, talvez te interesse comprar os ebooks marfer/cilamatos
Camões, espetacular escritor português do séc. XVI
"Ó Netuno, lhe disse, não te espantes De Baco nos teus reinos receberes, Porque também com os grandes e possantes Mostra a Fortuna injusta seus poderes. Manda chamar os Deuses do mar, antes Que fale mais, se ouvir-me o mais quiseres; Verão da desventura grandes modos: Ouçam todos o mal, que toca a todos." Já finalmente todos assentados Na grande sala, nobre e divinal; As Deusas em riquíssimos estrados, Os Deuses em cadeiras de cristal, Foram todos do Padre agasalhados, Que com o Tebano tinha assento igual. De fumos enche a casa a rica massa Que no mar nasce, e Arábia em cheiro passa. "Vistes que com grandíssima ousadia Foram já cometer o Céu supremo; Vistes aquela insana fantasia De tentarem o mar com vela e remo; Vistes, e ainda vemos cada dia, Soberbas e insolências tais, que temo Que do mar e do Céu em poucos anos Venham Deuses a ser, e nós humanos. Que dum vassalo meu o nome toma, Com soberbo e altivo coração A vós e a mi e o mundo todo doma. Vedes, o vosso mar cortando vão, Mais do que fez a gente alta de Roma; Vedes, o vosso reino devassando, Os vossos estatutos vão quebrando. Que por amor de vós do Céu deci, Nem da mágoa da injúria que sofreis, Mas da que se me faz também a mi; Que aquelas grandes honras que sabeis Que no mundo ganhei, quando venci As terras Indianas do Oriente, Todas vejo abatidas desta gente. O coração dos Deuses foi num ponto, Não sofreu mais conselho bem cuidado Nem dilação nem outro algum desconto: Ao grande Eolo mandam já recado, Da parte de Neptuno, que sem conto Solte as fúrias dos ventos repugnantes, Que não haja no mar mais navegantes! |
No Canto VI, os portugueses partem de Melinde onde foram bem recebidos. Baco pede a Neptuno, deus do mar, que convoque um Concílio dos deuses marinhos, para que estes impeçam a continuação da viagem dos portugueses.
Teste e sugestões de respostas
1.a) Como explica Baco, na estrofe 15, a sua presença no reino de Neptuno?
Sugestões de resposta
Baco explica a sua presença pelos injustos, mas grandes poderes da Fortuna (destino) que lhes trará grandes problemas e, por isso, ele acha que deve tomar posição, "porque também cos grandes e possantes/Mostra Fortuna injusta seus poderes (...)verão da desventura grandes modos".
A preposição"porque" introduz a justificação.
1.b) Baco quer falar apenas com o deus do mar? Justifica a resposta com citações da estrofe.
Sugestões de resposta
Não. Pretende falar com todos os deuses do mar: “Manda chamar os deuses do mar”; "ouçam todos(...) toca a todos"
2. Com base na estrofe 25 faz a descrição do local da reunião, destacando os recursos estilísticos usados por Camões
Sugestões de resposta
O local da reunião era sumptuoso, “nobre e divinal”; era grande “na grande sala”; era luxuoso “riquíssimos estrados” e tinha “cadeiras de cristal”. Estava ainda impregnado de essências queimadas “De fumos (...) em cheiro”.
Para transmitir esta grandiosidade o Narrador utilizou a adjetivação “grande, nobre, divinal” (triplo adjetivo no grau normal); o superlativo absoluto sintético “riquíssimos”; a enumeração “As deusas/os deuses; a inversão da ordem natural das palavras, na frase; a anáfora ”Que/Que”.
2.b) compara este ambiente com o concílio do Olimpo
Sugestões de resposta
O ambiente aqui descrito tem alguns aspetos semelhantes ao concílio dos deuses, no Olimpo e outros diferentes. Ambos eram sumptuosos, ricos, mas enquanto no primeiro os deuses se sentavam por hierarquia, aqui não havia esta distinção visto que o “padre”(...) tinha com Baco assento igual”.
3. As estrofes 29 e 30 referem-se aos homens em geral e aos portugueses em particular
a) De que são acusados?
Sugestões da resposta
São acusados de: ousadia, atrevimento, insolência, ganância, altivez: “grandíssima ousadia”; “ insana fantasia”; “soberbas e insolências”; “soberbo e altivo coração”.
b) Que argumentos usa Baco para convencer os deuses marinhos?
Sugestões de resposta
Apela ao orgulho dos deuses argumentando que os portugueses, pela sua valentia, poderiam inverter os valores tradicionais, ou seja, tornarem-se eles os deuses e estes os homens.
c) Estamos perante um problema meramente pessoal?
Sugestões da resposta
Não. Diz respeito a todos os deuses, porque ele fala no plural: “nós”
4. Na estrofe 32 é apresentada a razão pessoal.
a) indica-a
Sugestões de resposta
Baco receia perder, em favor dos portugueses, as honras que ganhou no Oriente.
b) É a primeira vez que este motivo é invocado?
Sugestões da resposta
Não. Já foi tema no concílio dos deuses, no Olimpo (Canto I). Também aí Baco se insurgiu contra os portugueses, opondo-se a que continuassem a viagem rumo à Índia, para que não perdesse o seu domínio.
5. Na estrofe 35 vemos a consequência da intervenção da Baco
a) Explica-a
Sugestões de resposta
A consequência foi a ira dos deuses marinhos que imediatamente mandaram recado a Eolo (rei dos ventos) para que provocasse uma tempestade: “solte a fúria dos Ventos” a fim de evitar que os portugueses continuassem a viagem: “Que que não haja no mar mais Navegantes”.
5.b) Compara as resoluções dos 2 concílios
Sugestões de resposta
Foi antagónica: no primeiro concílio a resolução foi favorável aos portugueses. aqui foi contra eles.
6. Poderemos ver nesta intervenção de Baco um motivo enaltecedor da ação dos portugueses?
Sugestões de resposta
Sim. A ação dos portugueses sai muito enaltecida, tal como era desejo de Camões. O seu valor era tão grande que até os deuses temeram que se transformassem em seres superiores como eles.
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