Poeta português do séc. XVI
Poema
(À morte da esposa)
Ó alma pura enquanto cá vivias,
Alma, lá onde vives, já mais pura,
Porque me desprezaste? Quem tão dura
Te tornou ao amor que me devias?
Isto era o que mil vezes prometias,
Em que minha alma estava tão segura?
Que ambos juntos Da hora desta escura
Noute nos subiria aos claros dias?
Como em tão triste cárcer' me deixaste?
Como pude eu sem mi deixar partir-te?
Como vive este corpo sem sua alma?
Ah! que o caminho tu bem mo mostraste,
Porque correste à gloriosa palma!
Triste de quem não mereceu seguir-te!
Sugestões de análise
O poeta transmite com intensidade a dor provocada pela morte da amada.
O sujeito poético, em solilóquio, dirige-se, angustiadamente, àquela que partiu para o mundo que a merecia, faltando ao compromisso que com ele fizera de partirem juntos. Ele, porém, não pôde acompanhá-la porque não tinha a riqueza espiritual dela.
Este soneto diviniza a mulher amada.
Comentários
Enviar um comentário