Continuação dos Posts anteriores (nº1 e nº 2) onde já foram dadas várias informações sobre o escritor Vergílio Ferreira, assim como do seu romance "Manhã Submersa" que se baseia em aspetos autobiográficos: Vergílio Ferreira viveu a sua adolescência no Seminário do Fundão, para onde foi aos 12 anos e onde esteve até aos 16 anos.
O objetivo deste blog é incentivar o gosto pela leitura, por isso vamos lá, então, continuar a conhecer um pouco mais da história de António dos Santos Lopes, na esperança de que pelo menos algumas das pessoas que seguem o Blog leiam "Manhã Submersa"
Terminámos o post nº2 com o início da seguinte frase:
"Há uma oposição entre..."
Há uma oposição entre o passado e o presente. O narrador atual é diferente do eu da personagem. No entanto, ele insiste em ser uma só pessoa; uma só consciência que lembra tudo o que o emociona ainda: " Fui de janela em janela olhar (...) da tarde que chegava. Relembro agora, quase fisicamente a (...) tarde, sinto-lhe ainda a agonia afogada de cinza". A memória veicula sensações fortes do passado que se fazem sentir de novo no presente: "Aí recordo tudo-e é como se de novo os poderes da minha infância se erguessem sobre mim e me condenassem outra vez". Há, portanto, uma insistência na identidade do narrador adulto com a personagem central criança. No entanto há uma grande distância temporal, pois o narrador adulto sente-se longe no tempo da personagem central da diegése: "à distância destes anos que agora estou lembrando". É a memória que traz ao presente da narração os acontecimentos do passado. Esta distância é indispensável para haver narrativa autodiegética, de contrário haveria...
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