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Coleção
Aprender é fácil
(Portuguese Edition) eBook Kindle
por Cila Matos (Author)
Estes eBooks são constituídos por inúmeras perguntas teóricas e por vários testes sempre seguidos de
sugestões de respostas
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Alguns dados biográficos de Pablo Neruda
Poeta, Diplomata (Cônsul na Ásia, Barcelona, Madrid, Embaixador em Paris) e Político chileno
Nasceu em 1904 e faleceu em 1973
Ganhou o Prémio Nobel da Literatura, em 1971
Na poesia passou por diversas fases: poesia social e comunista (a mais importe); temas simples num regresso às origens
Pertencia a família humilde
Poema "Pequena América" e sugestões de análise
Quando vejo a forma
da América no mapa,
amor, é a ti que eu vejo:
as alturas do cobre em tua cabeça,
os teus peitos, trigo e neve,
a tua cintura delgada,
velozes rios que palpitam, doces
colinas e prados
e no frio do sul teus pés completam
a sua geografia de ouro duplicado.
Amor, se te toco,
minhas mãos não percorrem
apenas as tuas delícias,
mas ramos e terras, frutos e água,
a primavera que eu amo,
a lua do deserto, o peito
das pombas selvagens,
a suavidade das pedras polidas
pelas águas do mar ou dos rios
e a vermelha espessura
dos matagais onde
a sede e a fome espreitam.
E assim a minha extensa pátria me recebe,
pequena América, em teu corpo.
Mais ainda: quando te vejo reclinada,
em tua pele eu vejo, em tua cor de aveia,
a nacionalidade do meu carinho.
Porque dos teus ombros
fita-me, inundado de escuro suor,
o cortador de cana
de Cuba abrasadora,
e através da tua garganta
pescadores que tiritam
nas húmidas casas do litoral
cantam-me o seu segredo.
E assim ao longo do teu corpo,
pequena América adorada,
as terras e os povos
interrompem meus beijos
e a tua beleza, então,
não só ateia o fogo
que entre nós arde sem cessar,
mas com teu amor me está chamando
e através da tua vida
me oferece a vida que me falta
e ao sabor do teu amor junta-se o barro,
o beijo da terra que me aguarda.
Pablo Neruda, in "Os Versos do Capitão"
Sugestão de análise do Poema
Belo poema de amor onde há uma identificação da amada com o país de origem do poeta-a América.
Numa espécie de diálogo a uma só voz (visto que a amada não responde) o sujeito poético dirige-se à amada, através da apóstrofe "amor" e do deítico "ti" revelando-lhe que, ao ver a forma da América no mapa é a ela que vê: "Quando vejo a forma/da América/no mapa/amor, é a ti que eu vejo". Então faz o retrato físico da amada onde, metaforicamente vai surgindo, também, o "retrato" do seu país amado. Ao corpo da amada vão corresponder elementos da natureza que ele visualiza:"as alturas do cobre"; os peitos são o "trigo e a neve"; a cintura elegante são os velozes rios, as doces colinas, os prados.
Numa progressão ascendente a visão dá lugar ao tato e ao tocá-la:"quando te toco" não sente apenas o prazer do seu corpo: "as tuas delícias", mas é como se tocasse o seu próprio país e daí a inserção do elemento humano: os ombros da amada simbolizam o cortador de cana cuja profissão é tão difícil que o inunda de escuro suor (notar a hipérbole:"inunda" e o adjetivo "escuro", assim como hipérbole "cuba abrasadora" que põem em relevo o esforço do trabalhador na execução da sua profissão). A sua garganta lembra-lhe "os pescadores que tiritam"/ nas húmidas casas" (de novo os recursos estilísticos a denotar as más condições de trabalho: o verbo "tiritar" e o adjetivo "húmidas")
e neste contemplar do corpo da amada é todo o seu país que ele contempla: " a minha extensa pátria me recebe/pequena América em teu corpo (...) E, assim, ao longo do teu corpo/pequena América adorada (...) E ao sabor do teu amor junta-se o barro,/ o beijo da terra que me aguarda" pois, através da vida da amada, ele tem a vida que lhe falta: "através da tua vida/ me oferece a vida que me falta".
Para transmitir a sua mensagem, além dos recursos estilísticos já mencionados ao longo desta sugestão de análise ideológica, o sujeito poético recorre a sensações visuais: "vejo" (4 vezes); " cor de aveia"; "vermelho"; personificação: "velozes rios que palpitam"; sensações tácteis: "frio, húmido" ; metáfora: "geografia de ouro"; enumeração através do polissíndeto: "trigo e neve, ramo e terras, frutos e água"; antítese:"pombas selvagens" ; sinestesia: "América no mapa" / teus peitos trigo, pedras polidas"; hipérbole:"fogo que (...) arde sem cessar".
marfer/cilamatos
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