Um pouco sobre o autor
Almeida Garrett João Batista da Silva Leitão | |
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![]() Litografia de Almeida Garrett por Pedro Augusto Guglielmi (Biblioteca Nacional de Portugal). | |
Nome completo | João Baptista da Silva Leitão de Almeida Garrett |
Nascimento | 4 de fevereiro de 1799 Porto, Portugal |
Morte | 9 de dezembro de 1854 (55 anos) Lisboa, Portugal |
Residência | Rua do Dr. Barbosa de Castro, 37 (Porto) Rua Saraiva de Carvalho, n.º 66 a 68 (Lisboa) Rua de São João 76 (Ilha Terceira) |
Nacionalidade | português |
Cidadania | português |
Etnia | caucasiano |
Educação | Universidade de Coimbra |
Ocupação. | escritor, dramaturgo, poeta, político In :Wikipédia |
Poema
NÃO TE AMO
Não te amo, quero-te: o amar vem d’alma.
E eu n’alma - tenho a calma,
A calma - do jazigo.
Ai! não te amo, não.
Não te amo, quero-te: o amor é vida.
E a vida - nem sentida
A trago eu já comigo.
Ai, não te amo, não!
Ai! não te amo, não; e só te quero
De um querer bruto e fero
Que o sangue me devora,
Não chega ao coração.
Não te amo. És bela; e eu não te amo, ó bela.
Quem ama a aziaga estrela
Que lhe luz na má hora
Da sua perdição?
Almeida Garrett, Folhas Caídas
Sugestões de análise ideológica para melhor compreensão do poema
O sujeito poético (que se identifica com o próprio autor, visto que este transmite nas suas poesias de "Folhas Caídas", as suas vivências pessoais) faz uma auto - análise dos seus sentimentos, através de um texto com caraterísticas dramatizantes, uma vez que é sugerido um diálogo: Eu/Tu (sujeito poético /amada).
Embora não se ouça a voz da amada, este "diálogo" é indiciado pela utilização da 1º pessoa do singular dos tempos verbais que apontam para um narrador autodiegético, "amo, quero, tenho"e pelo pronome pessoal, (2ª pessoa) várias vezes repetido, "Te".
O drama psicológico com que o sujeito poético se debate , consiste no conflito entre o amor puro e o amor sensual.
Entre não amar e querer, "Não te amo" ; "quero-te".
Todo o poema se constrói a partir desta oposição . Amar tem conotação positiva e querer valor negativo. Como o eu lírico se encontra possuído pelo segundo, sente a inferioridade do seu sentimento e, por isso, se considera na posse de um "indigno furor", visto que o que sente pela amada não é amor mas, "um querer bruto e fero".
De acordo com estas ideias antagónicas o vocabulário reparte-se, também, por estas duas áreas: positivo / negativo.
Ao amor puro/platónico (que o sujeito poético não sente, corresponde a: "alma/calma/vida". Ao amor sensual, erótico, real, "a calma do jazigo" ; "um querer bruto e fero" e "indigno furor"e , assim, podemos concluir, com o próprio poeta, que amor é vida e desejo perdição.
O tem confessional confere, ao texto, caraterísticas românticas, bem como a referência ao amor como desejo.
O sujeito poético, enriqueceu, ainda, o seu discurso, com a repetição anafórica e antítese simultaneamente, "não te amo, quero-te" e adjetivos expressivos, "bruto/fero".
marfer/cilamatos
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