Pontos comuns nas respetivas poesias
São todos escritores contemporâneos. Na sua obra literária (poesia) focam temas como a defesa dos desprotegidos pela vida; dos explorados; dos perseguidos pela ditadura de Salazar. Os temas da desigualdade e injustiças sociais têm, nos seus poemas, lugar de destaque. Aí se exprime a revolta por tais situações.
Na época era considerada uma poesia de compromisso social, revolucionária. Chamada de "poesia de combate". São exemplos poemas como o de José Gomes Ferreira: "Não, não queremos cantar". São sugeridos momentos de injustiça social , pois é focada a vida difícil e perigosa dos pescadores; dos pobres fogueiros; dos escravos.
É uma literatura do homem ao serviço do homem.
Manuel Alegre interpreta o tempo da ditadura antes do 25 de abril, de 1974, com foco na oposição à "guerra colonial". Os seus livros de poemas "Praça da Canção" e "O Canto e as Armas" foram proibidos, na época, pela censura e por causa da sua luta antifascista Manuel Alegre esteve preso e isolado em Paris e na Argélia. No poema: "No meu país há uma palavra proibida " fala da falta de liberdade em Portugal.
Mas outros temas preocupam, também, estes poetas. É o caso de José Gomes Ferreira que junta à realidade o sonho, quando fala, por exemplo, do amor; morte; solidão; efemeridade.
Ary dos Santos em poemas como, por exemplo: "Era uma vez um país" levanta igualmente os problemas da opressão antes do 25 de abril , de 1974 e finaliza com um louvor ao 25 de abril.
Alexandre O'Neill pratica, também, uma poesia de intervenção exortando os homens a libertarem-se dos constrangimentos de toda a ordem que os tolhem e oprimem-familiares, sociais, morais, políticos, psicológicos, quotidianos...A sua poesia contém uma arte de amor, de angústia e de liberdade. Na melodia dos seus verso, experimenta-se a amargura e sonha-se o sensual; ganha-se a irreverência e descobre-se a sensualidade.
Poema de Ary dos Santos
Era uma rosa
Era uma flor
A acontecer dentro de mim
Era uma asa
Era um jardim
Era o amor era o amor
A acontecer
Dentro de mim
Era a alegria a juventude
De uma alma nova de um corpo aceso
Um novo dia
Um céu ileso
Era uma trova
Um alaúde
Era a poesia
Era a saúde
Era aventura
Era a descoberta
De uma ternura
Que se incendeia
Era uma cama
A porta aberta
A mesa farta
A casa cheia.
Era uma chama
Era uma ideia.
Era o amor
Amor perfeito
Cama da vida
Onde me deito
Era o momento
De conjugar
O verbo ser
O verbo amar
Era nascer
Dar e cantar!
Poema de José Gomes Ferreira
Dá-me a tua mão.
Deixa que a minha solidão
prolongue mais a tua
— para aqui os dois de mãos dadas
nas noites estreladas,
a ver os fantasmas a dançar na lua.
Dá-me a tua mão, companheira,
até o Abismo da Ternura Derradeira.
Poema de Manuel Alegre
Trova do Vento que Passa
notícias do meu país
e o vento cala a desgraça
o vento nada me diz.
Pergunto aos rios que levam
tanto sonho à flor das águas
e os rios não me sossegam
levam sonhos deixam mágoas.
Levam sonhos deixam mágoas
ai rios do meu país
minha pátria à flor das águas
para onde vais? Ninguém diz.
Se o verde trevo desfolhas
pede notícias e diz
ao trevo de quatro folhas
que morro por meu país.
Pergunto à gente que passa
por que vai de olhos no chão.
Silêncio - é tudo o que tem
quem vive na servidão.
Vi florir os verdes ramos
direitos e ao céu voltados.
E a quem gosta de ter amos
vi sempre os ombros curvados.
E o vento não me diz nada
ninguém diz nada de novo.
Vi minha pátria pregada
nos braços em cruz do povo.
Vi meu poema na margem
dos rios que vão pró mar
como quem ama a viagem
mas tem sempre de ficar.
Vi navios a partir
(Portugal à flor das águas)
vi minha trova florir
(verdes folhas verdes mágoas).
Há quem te queira ignorada
e fale pátria em teu nome.
Eu vi-te crucificada
nos braços negros da fome.
E o vento não me diz nada
só o silêncio persiste.
Vi minha pátria parada
à beira de um rio triste.
Ninguém diz nada de novo
se notícias vou pedindo
nas mãos vazias do povo
vi minha pátria florindo.
E a noite cresce por dentro
dos homens do meu país.
Peço notícias ao vento
e o vento nada me diz.
Mas há sempre uma candeia
dentro da própria desgraça
há sempre alguém que semeia
canções no vento que passa.
Mesmo na noite mais triste
em tempo de servidão
há sempre alguém que resiste
há sempre alguém que diz não.
Inaugurámos a palavra «amigo».
De boca em boca,
Um olhar bem limpo,
Uma casa, mesmo modesta, que se oferece,
Um coração pronto a pulsar
Na nossa mão!
«Amigo» (recordam-se, vocês aí,
Escrupulosos detritos?)
«Amigo» é o contrário de inimigo!
«Amigo» é o erro corrigido,
Não o erro perseguido, explorado,
É a verdade partilhada, praticada.
«Amigo» é a solidão derrotada!
«Amigo» é uma grande tarefa,
Um trabalho sem fim,
Um espaço útil, um tempo fértil,
«Amigo» vai ser, é já uma grande festa!
marfer/cilamatos
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